Quando andava no 5º ano com cerca
de 11 anos, Susana lembra-se que adorava umas sabrinas que tinha. Eram azuis,
com uma fita na diagonal azul-bebé. Usava-as quase todos os dias. Gostava
tanto, que até em dias de inverno, não se importava de apanhar frio nos pés só
para poder usar as suas sabrinas. Foram compradas com o primeiro mealheiro que
teve de partir. Além de as achar bonitas, tinham também um valor especial para
si, tendo em conta que tinham sido compradas com o seu dinheiro. Uns tempos depois
após a sua compra, as amigas de Susana olharam para ela e disseram, “não tens
outras sabrinas? Trazes sempre as mesmas?”. Fiquei calada e pensei, “fogo,
gosto tanto delas, que nunca tinha reparado que as usava todos os dias … “. Na
altura levou o comentário das amigas na brincadeira, mas confessa que lá no
fundo magoou um pouco. Quando cresceu mais um pouco, por volta dos 14 anos, começou
a guardar todo o dinheiro que recebia, para depois poder comprar todas as
sabrinas que gostava, de todas as cores e de todos os feitios. Na altura chegou
a ter sabrinas que davam para usar uma em cada dia da semana. Aí sentiu-se
realizada e pensou, “quem me dera que elas estivessem aqui para ver.”
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